Nesse caminho de reconstrução estive mantendo meu coração bloqueado para qualquer envolvimento além de amizade. Podemos dizer que ele estava em repouso depois de uma cirurgia para retirada de um tumor.
O rancor e as mágoas que sentimos são como tumores que precisam ser arrancados. E o difícil não é só arrancá-los, a recuperação também dói, e como dói. Por isso ele estava lá bem quietinho, pois não podia se mecher, doía muito...
Acontece que derrepente, sem que eu esperasse, ele se levantou e decidiu sair pra dar uma volta. Fiquei com muito medo, foi quase um pânico, e gritava pra ele : - Volte pra sua cama, não saia ainda, você não está pronto, precisa se recuperar, você vai se machucar!!!!
Tinha dúvidas se ele conseguiria andar sozinho e enfrentar os perigosdo mundo. Mas ele não me ouviu, saiu e se aventurou nessa selva fria, onde ele encontrou exatamente o que eu temia: o sofrimento!!!
Ele se envolveu e não da forma certa, e voltou pra casa machucado, sangrando e dolorido. Mas sabe de uma coisa? Foi bom ! Foi muito bom! Percebi que já estou pronta pra enfrentar decepções e me recuperar, cuidei dele direitinho e ele está aqui, são e salvo...
É como as primeiras vezes que se leva um filho ao parquinho, você morre de medo de ele cair, está sempre em volta amparando, segurando, equilibrando... Até que uma hora você perde o controle e ele cai! Se machuca, chora, e você se sente culpada. Mas passsa rápido, e quando passa ele corre de volta pro parquinho. Aí você percebe o quanto ele é forte e capaz de resistir a quedas e tropeços, você perde o medo o deixa à vontade para brincar...
Percebi o quanto me fortaleci nesse período, e que não preciso mais me fechar para as oportunidades, pois já consigo resistir a decepçõese curar feridas...
E agora que ele está bem, deixo-o livre para se divertir, não vou mais limitá-lo ao quartinho escuro e protegido, agora ele está aberto para novas experiências, livre para amar.
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