A Água

 Para recomeçar é necessário perdoar, a bagagem dos rancores e mágoas é muito pesada, atrapalha a nova caminhada, é necessário se limpar...

A água sem mágoa deságua

Deságua a água, nas mágoas da vida

E livra nossa vida das mágoas

A mágoa, má água do coração

Escorre e some com a sagrada água

A consagrada água que no rio deságua

Deságua também na minha emoção

Tira a mágoa, deixa a perfeição.

Para que eu cante uma canção

Para que eu ore uma oração

Água, sagrada água, sem mágoa

Água habita no meu coração.

O PRIMEIRO DEGRAU

Eu ia seguindo meu caminho, sem saber onde chegar

Ia seguindo um canarinho que estava a me guiar

Não sabia meu destino, mas sabia confiar

Naquele lindo passarinho, que traz a paz no seu olhar

Mas um dia vacilei, um vacilo matinal

Pois tanto e tanto eu andei, mas nunca cheguei no final

Meu canário me falou de um castelo de cristal

Da escada do castelo, esse é o primeiro degrau

Ah! Me revoltei! Depois de tanta caminhada!

Como é que ainda podia estar no inicio desta escada?

Como chegar no castelo, qual é o fim dessa empreitada?

Meu canário me olhou com certa repreensão

Mas nesse olhar havia também compreensão

Eu sentei, e ele pousou bem dentro do meu coração

E me mostrou maravilhas que encontrarei pelo caminho

Falou até que um dia poderei ser um passarinho

Para guiar um outro alguém que precise de carinho

E hoje eu venho caminhando, trabalhando a minha essência

Venho buscando aprender, da paz, toda a ciência

Pois o primeiro degrau é a paciência

Paciência...

Reconstruir caminhos é ter paciência , e muita paciência.... Depois que se têm uma vida estruturada, ou que se achava que estivesse estruturada, não é nada fácil ter que reconstruí-la... É um trabalho diário de paciência, resignação e coragem.

Assim como em todos os aprendizados da vida, a primeira lição é a paciência, para se aceitar o que não se pode mudar e encarar um longo caminho, caminho este que pensávamos já ter percorrido.

É como procurar um endereço na rua errada: Quando se chega ao final da rua e  se percebe que é preciso voltar ao ponto de partida e começar, pela rua certa. 

Voltei ao ponto de partida: A casa dos meus pais.

E graças a Deus que tenho essas pessoas maravilhosas pra me dar todo apoio que preciso.

Mesmo  assim é preciso paciência...

Também vou para Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada

Lá tudo é dentro da lei,

Lá tenho o homem que amo,

Com quem eu viverei!

Vou-me embora pra Pasárgada

Aqui eu não sou feliz

Lá a existência se transfigura

De uma forma mais decente

Que o próprio rei se acanha

Uma vez que ele mente

E a verdade é transparente

Pela bondade em que lá se vive

E como é enigmática

A paz que lá se secreta

Ninguém lá vive brabo

Lá eu acordarei cedo

E tomarei banho de mar!

E quando estiver cansada

Deito na beira do rio

Ou vou tomar sua doce água

Que lá não há poluição

E com doçura de menino

Meu amado vem me amar

Vou-me embora pra Pasárgada

Em pasárgada tem tudo, é outra civilização.

Tem um processo seguro

De ocorrer a eleição

Lá o amor é automático

De beber ninguém tem vontade

Tem as flores mais bonitas

Para a gente admirar

E quando estiver inspirada

Vou para o centro da cidade

E chamo Manuel Bandeira

Para a gente, juntos, poder versar

Pois lá tudo é dentro da lei

Terei o homem que amo

Com quem eu viverei

Bandeira me espere, vou contigo pra Pasárgada!

Tem dias que dá vontade de desistir, dá vontade de dizer "não gente, era tudo brincadeira, eu não queria sair da minha casa, não queria ir morar longe dos meus amigos, meus grandes amigos, não queria deixar meu casamento, não queria mudar tanto assim a minha vida". Mas meu carro não tem marcha ré...
Na real até esse sentimento é ilusão, pois de que adianta voltar atras e encarar os mesmos problemas... Minhas vida já não cabe mais nos mesmos espaços, eu já não sou a mesma e as oportunidades também mudaram...
Sinto que também não caibo na situação em que estou, é preciso paciência pra se reconstruir, e haja paciência...
Ah! Se eu pudesse acompanhar Manoel Bandeira, também tenho minhas Pasárgadas...

Existem momentos na vida em que é necessário parar, refletir, examinar o rumo que a vida está seguindo, reprogramar metas, reinventar caminhos, repensar ideais e se reconstruir.

Quando não estamos colhendo bons frutos, precisamos rever nosso plantio.

Foi esse o motivo que me fez parar, examinar e refletir sobre o que estava acontecendo.

Não é meu objetivo aqui descrever os problemas que passei e os motivos que me levaram a refazer minha vida. Um dia simplesmente parei, olhei pra dentro de mim, revi meus sonhos e meus ideais, e vi o caminho que estava seguindo, que me pareceu tão distante do que realmente sou.

Abri mão de tudo o que não me servia mais, como um navio que continua sua jornada e se despede do porto, porque é necessário navegar, por mais triste e dolorosa que seja a despedida.

É necessário navegar, essa é uma certeza que trago comigo. É necessário seguir nosso caminho de evolução espiritual, por mais confortável que seja estacionar, fechar os olhos para a realidade e viajar nas ilusões.

É necessário navegar por mares desconhecidos, desbravar a si mesmo  e encontrar dentro de si forças para encarar a realidade. Seguir em frente.

O objetivo deste diário é registrar pensamentos, descrever sentimentos e emoções que envolvem esse momento em que um ser humano resolve se encontrar com a realidade e reconstruir seu caminho.

Aos meus leitores, que serão testemunhas anônimas de um momento tão especial, agradeço o tempo dedicado, e que sirva também de forças aos que estão buscando coragem para entrar também em uma jornada de autoconhecimento, como  também aos que já estão nessa jornada, que encontrem nessas palavras, forças para continuar.