Reconstruindo caminhos...

Existem momentos na vida em que é necessário parar, refletir, examinar o rumo que a vida está seguindo, reprogramar metas, reinventar caminhos, repensar ideais e se reconstruir...



















quinta-feira, 3 de maio de 2012

A mendiga

Neste mes das mães, gostaria de homenagear uma mãe que não poderá me ler, uma mãe que todos rejeitam e até mesmo temem, mas que sente por seus filhos o mesmo sentimento que temos pelos nossos filhos, o mesmo amor no coração, o mesmo afeto e dedicação, embora expressados de forma bem diferente. Existem milhões dessas mães no mundo. Elas merecem nosso respeito e gratidão, pois de alguma forma, por mais que lhe falte tudo, elas doaram tudo que ainda tinham... Doaram seu corpo para a chegada de mais um ser humano aqui na terra, mais um irmãozinho nosso, idependente de sua classe social...


Estou no mundo e sou sem nome
Sou menos um, em seis bilhões
Não tenho registro
Vivo da procura irracional de comida
Que me faz lixo, que me faz bixo
Que me faz pagã
E numa fome cega eu luto
E eu caço, e eu mato, e eu como
E não sou mais mulher, sou ameaça
Sou mulher sem raça
Nem família, nem religião, estou sozinha
E convoco os pássaros para me ouvir
Mas já é noite
Convoco as estrelas, mas chove
Convoco os ratos, mas até eles me rejeitam
Então eu grito
Na vã esperança de ser para alguém um incomodo
Mas nem isso eu sou
E minha dor aumenta, e me latejo
E me sufoco em dor, eu me retorço
Meu grito agora se faz lamento
Na consciência da solidão
Na frente de um hospital lotado
Minha respiração ofega
Eu sangro, eu choro, eu grito
Mais uma vez, cada vez mais e mais
E faço força apesar da dor que me abocanha
E choro, diante dessa dor tamanha
Até que outro choro me acompanha
E ele é lindo, e ele é luz, é esperança
Toma meu filho, bebe do meu seio
Enquanto o mundo nos rejeita
Porém agora não estou mais só

Um comentário:

  1. Emocionante, amiga...
    Seu blog é sempre uma experiência para o coração! :)

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