Estou no mundo e sou sem nome
Sou menos um, em seis bilhões
Não tenho registro
Vivo da procura irracional de comida
Que me faz lixo, que me faz bixo
Que me faz pagã
E numa fome cega eu luto
E eu caço, e eu mato, e eu como
E não sou mais mulher, sou ameaça
Sou mulher sem raça
Nem família, nem religião, estou sozinha
E convoco os pássaros para me ouvir
Mas já é noite
Convoco as estrelas, mas chove
Convoco os ratos, mas até eles me rejeitam
Então eu grito
Na vã esperança de ser para alguém um incomodo
Mas nem isso eu sou
E minha dor aumenta, e me latejo
E me sufoco em dor, eu me retorço
Meu grito agora se faz lamento
Na consciência da solidão
Na frente de um hospital lotado
Minha respiração ofega
Eu sangro, eu choro, eu grito
Mais uma vez, cada vez mais e mais
E faço força apesar da dor que me abocanha
E choro, diante dessa dor tamanha
Até que outro choro me acompanha
E ele é lindo, e ele é luz, é esperança
Toma meu filho, bebe do meu seio
Enquanto o mundo nos rejeita
Porém agora não estou mais só
Emocionante, amiga...
ResponderExcluirSeu blog é sempre uma experiência para o coração! :)